terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

No “clássico das emoções”, estas foram muito além dos gols

              Flávio "caça rato" Recife marcou um belo gol e abriu o placar no estádio dos Aflitos


            Jogadores corais comemoram o primeiro gol, na estreia do novo uniforme tricolor
Nesta jogado o meio-campo alvirrubro Cascata rompeu os ligamentos do joelho e não atuará mais pelo timbu o PE 2012



Por Alberto Bezerra

            Náutico e Santa Cruz entraram em campo no sábado (e por isso o jogo não foi televisionado, como fora o clássico anterior, disputado num domingo) em situações diversas: embora tendo perdido seu primeiro clássico para o Sport no fim de semana anterior, o time alvirrubro havia se recuperado no meio de semana e mantinha-se no topo da tabela, perdendo do Salgueiro apenas no critério de desempate; de quebra, a vitória timbu na quarta-feira mantinha os 100% de aproveitamento do time jogando em seus domínios, local onde seria disputado o clássico do qual agora nos ocupamos. Já o Santa Cruz, após haver sido derrotado pelo Araripina no sertão no fim de semana anterior, desperdiçou a chance de reabilitação diante do Central, jogando no Arruda. Uma vitória coral seria suficiente para espantar a má impressão deixada na quarta-feira (e de quebra deixaria ainda maiores dúvidas no ar acerca da capacidade do Náutico encarar adversários de nível técnico equivalente ao seu); uma derrota tricolor, entretanto, poderia ser o início duma crise. No final das contas, prevaleceu o empate e o destaque do jogo não vestia camisa tricolor ou alvirrubra, mas amarela: o árbitro Emerson Sobral, unanimidade negativa da partida.
            No primeiro tempo a iniciativa foi do time de casa: o timbu apostava nas bolas alçadas na área (provavelmente para aproveitar o péssimo desempenho da zaga coral neste tipo de jogada; curiosamente, de todos os jogos nos quais o tricolor sofreu gols, este foi o único em que nenhum deles foi de cabeça), enquanto o santinha apostava nos contra-ataques. E foi assim que o time do Arruda abriu o placar: aos 11 minutos, após um contra-ataque alvirrubro (que acabou com o jogador timbu derrubado, porém o árbitro, que iria marcar a falta voltou atrás ao ver o “bandeirinha” sinalizar erradamente impedimento) o tricolor bateu rapidamente o impedimento (fora do local correto); Carlinhos Bala carregou a bola e lançou Flávio “caça rato” Recife, que deixou o zagueiro para trás e, avançando pela direita, chutou cruzado de leve, tirando-a do alcance do goleiro Gideão e marcando um belo gol. O Náutico empatou aos 23 em falha do zagueiro Leandro Souza; Cascata aproveitou o passe de Siloé, girou dentro a área e acertou o canto esquerdo do goleiro Tiago Cardoso (outro belo gol, em que a bola ainda bateu na trave antes de entrar). Noutro erro bizarro de Leandro Souza (que afastou mal a bola), Cascata teve a chance dentro da área coral, mas chutou por cima, retribuindo assim o presente do defensor tricolor.
            Devido a grande quantidade de cartões amarelos distribuídos pelo árbitro (sobretudo para a equipe coral), o técnico Zé Teodoro decidiu modificar o time na etapa complementar: assim, o zagueiro André Oliveira foi substituído por Everton Sena e o volante Anderson Pedra deu lugar ao meia Luciano Henrique. E foi dos pés deste que saiu o segundo tento coral: em velocidade o atleta avançou pela direita e sua tentativa de cruzamento rasteiro para o meio da área foi interceptada pelo volante alvirrubro Elicarlos, que acabou jogando contra o patrimônio. Com o objetivo de garantir o resultado, Zé Teodoro tirou o meio-campo Natan e colocou o volante Sandro Manoel (que fez sua estréia pelo mais querido); entretanto, aos 48 minutos do segundo tempo o árbitro marcou pênalti de Leandro Souza em Souza; o volante alvirrubro cobrou bem e garantiu o empate alvirrubro, estragando assim a festa de 98 anos do Santa Cruz.
            Além da estréia de Sandro Manoel, a partida contra o Náutico marcou a estréia do volante Léo como titular da equipe (em virtude da contusão de Weslley); eis a escalação completa do Santa: Tiago Cardoso, Eduardo Arroz, Leandro Souza, André Oliveira (Éverton Sena) e Dutra; Anderson Pedra (Luciano Henrique), Memo, Léo e Natan (Sandro Manoel); Flávio Recife e Carlinhos Bala. Neste jogo, Luciano Henrique e, principalmente Carlinhos Bala demonstraram evolução no futebol apresentado; numa das jogadas mais importantes da partida, Bala avançou em velocidade pela intermediária adversária, mas chutou por cima, de fora da área; para quem achou que o atleta se precipitou (pois deixara o marcador para trás e poderia ficar cara a cara com o goleiro), cabe salientar que o jogador sentiu a coxa durante a arrancada e por isso optou por chutar de longe (veja entrevista do jogador neste link: (http://www.coralnet.com.br/noticias_ler.asp?id=16780). Pior: além de perder o gol, bala se machucou e ficou de fora do jogo seguinte da equipe tricolor. Aparentemente sua lesão não é grave. Menos sorte teve o meio-campista alvirrubro Cascata que, em disputa de bola com Bala, acabou rompendo os ligamentos do joelho e vai ficar cerca de 6 meses parado, não mais atuando no PE 2102; cabe salientar que o atleta coral não teve culpa pela lesão de Cascata (ao contrário do que se deu com o atacante timbu Rogério, tema este já abordado por nós em outra postagem), bem como que o lateral improvisado William Rocha do Sport também rompeu os ligamentos do joelho (sozinho) e será outro atleta que não mais atuará no PE 2012.
            Além das lesões, o chamado “clássico das emoções” trouxe vários desfalques para ambos os times, em virtudes da chuva de cartões amarelos distribuídos por Sobral: o Náutico perderia para a partida seguinte nada menos que seus três volantes: Derley, Elicarlos e Souza (além do lesionado Cascata); por sua vez, o Santa Cruz perdeu o zagueiro André Oliveira, o lateral direito Eduardo Arroz e o atacante Flávio “caça rato” Recife (além de Carlinhos Bala, lesionado). Assim se justifica o título deste texto: no “clássicos das emoções” estas não ficaram por conta apenas dos gols, mas das “cagadas” da arbitragem, que foi unanimemente reprovada.
            Cabe então abrir um parágrafo exclusivamente para comentar a arbitragem: o pênalti marcado aos 48 do segundo tempo foi absurdo: ao ver a imagem na TV vi já no primeiro lance que o volante timbu se jogou, ou seja, não foi no replay; tratava-se de um lance fácil e tal marcação causou revolta nos atletas corais que já se julgavam vencedores. Ao final da partida os jogadores do santinha ficaram em frente ao árbitro e o aplaudiram sarcasticamente. O fato é o seguinte: na jogada que originou o primeiro gol coral, o atleta alvirrubro sofreu falta na entrada da área tricolor (falta esta que seria marcada pelo juiz); como o “bandeira” havia marcado impedimento, o árbitro voltou atrás, mas errou, pois não havia impedimento. Assim o Náutico foi prejudicado. Também houve irregularidade na reposição de bola, pois time do Arruda bateu o impedimento não no local onde ele supostamente aconteceu e dai se originou o gol do santinha. Cabe salientar aqui o comentário de Lúcio Surubim no programa Lance Final: embora tenha havido dois erros da arbitragem, o timbu teve oportunidade de matar o contra-ataque tricolor e não o fez, tendo preferido ficar reclamando. Ora, um erro não justifica o outro, mas que o Náutico poderia ter evitado o primeiro gol coral, isso poderia. Dessa forma, não há como encarar o pênalti senão como uma compensação; em minha opinião o maior problema não foi tanto a marcação duma “penalidade” inexistente, mas o fato de a jogada não haver sido sequer duvidosa, (ou seja, tratou-se de algo verdadeiramente escandaloso, pois o defensor coral apenas encostou no atleta alvirrubro, que prontamente desabou), somando-se a isso o fato de sua marcação ter-se dado aos 48 minutos, como se a intenção fosse deliberadamente prejudicar o time das três cores. Aliás, uma das reclamações do pessoal do Santa foi que após a cobrança do pênalti o juiz encerrou o jogo prontamente (aparentemente haveria mais acréscimos). Mesmo sendo tricolor, discordo do comentário de ...
            Em jogo fora de casa o Sport fez sua parte e venceu o Serra Talhada por 2 x 1; como o segundo tento leonino, bem como o gol sertanejo foram de pênalti, o placar com a bola rolando seria 1 x 0. No primeiro tempo ambas as equipes se pouparam, em virtude do sol forte do sertão. Ainda assim, o domínio da partida foi do leão que, entretanto, não conseguiu abrir o placar, embora tenha posto o goleiro adversário para trabalhar. Na etapa complementar o rubro-negro adotou uma postura bastante ofensiva, chegando a atacar por vezes com 4 jogadores; aos 9 minutos Jheimy abre o placar para o Sport. Aos 24 o time leonino ampliou o placar com Marcelinho Paraíba, de pênalti. Também de pênalti o Serra Talhada descontou, com Kássio, o que não foi suficiente para evitar a quinta derrota consecutiva do cangaceiro.
            O resultado mais surpreendente da rodada (talvez o único realmente inesperado) foi a derrota do até então líder Salgueiro para o Belo Jardim que, jogando em casa, conquistou sua terceira vitória seguida (1 x 0), reabilitando-se assim dos resultados negativos que colheu no início do torneio. Assim, o Salgueiro perdeu a chance de tornar-se líder isolado da competição (antes dividia a ponta com o Náutico, superando-o no saldo de gols), pois se o time alvirrubro somou apenas um ponto na rodada, o carcará não conquistou nenhum, amargando sua segunda derrota no torneio, após uma bela seqüência de 5 vitórias consecutivas. Jogando em casa o América amargou mais uma derrota (2 x 1) em favor do Central e manteve-se com apenas 1 ponto conquistado em 7 partidas. Porto x Petrolina e Ypiranga x Araripina não passaram de empates sem gols e sem o menor interesse para este texto.
            Em suma, o destaque da rodada foram os tropeços dos dois lideres, o que contribuiu para tornar o campeonato mais interessante.

Alberto Bezerra de Abreu, redigido em 08-09/02/2012 ao som de Louis Armstrong

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