sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Quinta Rodada PE 2012: “clássico dos clássicos” sem surpresa

                    Desta vez o penalti perdido por Weslley fez falta ao santinha
 Mesmo sendo o jogador mais lúcido do Náutico em campo, Souza não conseguiu levar o timbu ao empate
Marcelinho Paraíba volta e perder dente em jogo na Ilha do Retiro



Por Alberto Bezerra

            A quinta rodada do PE 2012 tinha como grande atração o primeiro clássico do ano, porém a rodada começou com um único jogo na tarde de sábado: Araripina x Santa Cruz, tendo o time da casa vencido por 2 x 0. O santinha entrou com a seguinte escalação: Tiago Cardoso; Eduardo Arroz, Leandro Souza, André Oliveira e Dutra (Renatinho); Anderson Pedra (Carlinhos Bala), Memo, Weslley e Natan (Luciano Henrique); Flávio Recife e Branquinho. Já no início do jogo o time coral foi surpreendido com um gol de cabeça (calo da equipe no campeonato até aqui) do time sertanejo. Aos 9 minutos o atacante tricolor Branquinho foi derrubado na área e assim como havia acontecido no jogo anterior, Weslley bateu fraco, rasteiro, no meio do gol e sem deslocar o goleiro adversário (leia-se atrasou a bola para o guarda metas), desperdiçando a chance do empate. Embora tenha pressionado o adversário e criado chances, o time do Arruda voltou a ser demasiado incompetente na finalização (outro calo da equipe no torneio) e não conseguiu empatar a partida no primeiro tempo. Sem alterações na etapa complementar, o Santa continuou padecendo dos mesmos defeitos, até que Zé Teodoro resolveu mexer na equipe: pôs Luciano Henrique no lugar de Natan e Carlinhos Bala (fazendo sua reestréia com a camisa coral) na vaga de Anderson Pedra, porém a produção da equipe não melhorou. Posteriormente, o treinador tricolor resolveu pôr Renatinho no lugar de Dutra na ala esquerda, tornando o time ainda mais ofensivo (pois Renatinho que originalmente é meio-campo quando joga de lateral atua mais como ponta), no entanto a incompetência do santinha em pôr a bola para dentro persistiu (após o jogo o comandante coral afirmou que ao contrário do jogo passado, na presente partida nenhuma de suas alterações surtiu o efeito desejado). Acompanhei parte da partida pelo rádio e ouvi os comentaristas criticarem o fato de Zé Teodoro ter posto o atacante Carlinhos Bala recuado (aparentemente o atleta – que substituiu um volante – não atuou como terceiro atacante, mas como meia). A não entrada de Léo (talvez o melhor jogador tricolor até então, embora não tenha jogado uma partida inteira sequer no torneio) também repercutiu negativamente para o treinador tricolor. E como diz o famoso jargão futebolístico, “quem não faz, toma”, tendo o time da casa ampliado o placar próximo do fim do jogo, sacramentando assim sua vitória. Cabe frisar que embora a equipe sertaneja tenha tido méritos, a falha defensiva coral no início do jogo, somada a grande quantidades de chances perdidas (o time criava, mas não conseguia pôr a bola na rede adversária) foram as principais causas da segunda derrota coral no sertão; como disse um radialista, o Santa Cruz perdeu um jogo que poderia ter ganho.
            Entre os jogos dos times “menores”, o que menos me chamou atenção foi o novo tropeço do Central (empate em 1 x 1 com o Petrolina, jogando em Caruaru); o Salgueiro, jogando fora de casa bateu o Serra Talhada (que após um início de campeonato arrasador, sofreu a terceira derrota seguida), e assumiu a liderança do PE 2012 devido a derrota do Náutico no clássico. O Ypiranga, jogando em casa foi vergonhosamente derrotado pelo Porto (4 x 1 para o gavião), enquanto no duelo dos piores o Belo Jardim se reabilitou em cima do América (que jogando em , casa foi derrotado por 3 x 1), ficando assim claro que a “lanterna” é do “mequinha” e ninguém tasca (infelizmente, pois simpatizo com o clube).
            Chegando enfim ao jogo mais importante da rodada, o primeiro clássico do ano, cabe salientar o contexto no qual a partida foi realizada: embora o Náutico estivesse a 8 anos sem ganhar do Sport no campo deste, o último confronto entre as equipes (brasileiro série B 2011 nos Aflitos) acabou com vitória alvirrubra por 2 x 0 com direito a golaço de Elicarlos e atuação apática do leão. Além disso, no PE 2012 o timbu vinha com 100% de aproveitamento (4 jogos, 4 vitórias), tendo marcado gols em todas as partidas, enquanto o rubro-negro tropeçara duas vezes, tendo passado em branco no jogo com o América na Ilha do Retiro (0 x 0 pela segunda rodada). Melhor momento do visitante, tabu a favor do time da casa, seria isto indício de jogo equilibrado? Definitivamente não foi isto o que se viu em campo, sobretudo nos 15 primeiros minutos da etapa inicial: com menos de 15 minutos o Sport já vencia o Náutico por 3 x 0, e sem muita dificuldade. Logo aos 6 minutos William Rocha (improvisado na ala esquerda) cruzou a meia altura; Marlon rebateu para o meio da área e Roberson, livre de marcação, mandou para o fundo das redes (a bola ainda bateu num defensor alvirrubro, acabando assim com qualquer chance de defesa para Gideão). Quando o jogo ainda estava 1 x 0 aconteceu um fato curioso: numa cobrança de falta na intermediária do ataque leonino, o técnico da equipe rubro-negra cobrou pressa ao meia Marcelinho Paraíba, mas o veterano jogador pediu calma ao treinador. Embora o atleta tenha demonstrado experiência (pois a afobação poderia levá-lo a bater mal e entregar a bola ao adversário), Mazola estava certo em querer aproveitar o domínio exercido pelo time da casa: a vantagem leonina logo no início da partida não foi acidental, pois o time da Ilha mostrava mais disposição, marcando a saída de bola adversária, correndo mais que o rival e demonstrando estar muito melhor postado (taticamente) em campo, enquanto o timbu se mostrava demasiado nervoso, com seus defensores errando passes curtos. Não deu outra: aos 11 minutos Diogo entrou em diagonal pela esquerda da área timbu e levantou no segundo pau para a cabeçada sem marcação de William Rocha que ampliou a vantagem do leão. Logo em seguida, em contra-ataque puxado com muita competência por Marcelinho Paraíba (que avançou pela direita da intermediária alvirrubra e rolou a bola para Roberson apenas empurrar para o fundo das redes) a equipe rubro-negra ampliou o marcador, num contexto que muito me lembrou a primeira partida da final do PE 2010, onde o Náutico, jogando nos Aflitos (contando na época com Carlinhos Bala, tendo Alexandre Gallo como treinador), meteu 3 x 0 no Sport (comandado por Givanildo Oliveira, que levou um xeque-mate tático) no primeiro tempo.
            Aos poucos o Náutico foi se assentando em campo e equilibrou o jogo (ou talvez o Sport tenha se acomodado com o placar dilatado, sendo que ambas as possibilidades não são auto-excludentes); de qualquer forma, o timbu tinha mais posse de bola e se mostrava menos nervoso, porém não tinha força ofensiva suficiente para ameaçar a defesa adversária (salvo exceções), até que o time alvirrubro teve uma falta na entrada da área a seu favor: o volante Souza bateu com perfeição, encobrindo a barreira, sem dar a menor chance para Magrão. Embora o gol tenha sido de suma importância, o Náutico não conseguiu mais ameaçar o adversário no primeiro tempo, exceto na bola parada (sempre com Souza, que desbancou Eduardo Ramos neste ofício). Iniciado o segundo tempo, quem esperava a continuidade da reação alvirrubra quebrou a cara: aos 15 minutos, o zagueiro Tobi apareceu livre no segundo pau e bateu de voleio, a bola bateu na trave e entrou. Sem opção, o técnico timbi Waldemar Lemos partiu para o tudo ou nada: tirou o apagado meia Eduardo Ramos e pôs o atacante Berger (cabe aqui salientar que a ausência de jogadores de peso no banco prejudicou deveras o Náutico, que já se perdera seu principal atacante – Rogério – na partida anterior, devido a uma grave lesão ocasionada por uma forte entrada de um atleta rival); após cobrança de escanteio, Berger conseguiu finalizar vencendo Magrão, mas Rivaldo conseguiu evitar o gol praticamente dentro da barra. Aos 25 minutos o zagueiro rubro-negro Montoya foi expulso com o segundo amarelo ao cometer falta em Siloé; aos 29 o timbu diminuiu a vantagem do rival: o lateral Jefferson conduziu a bola da esquerda para o meio e acertou um chutaço de perna direita da entrada da área, marcando um golaço. Quem pensou que o Náutico seria todo pressão se enganou: após marcar seu belo gol, Jefferson fez duas faltas seguidas e levou o segundo amarelo, sendo também expulso (cabe salientar que o atleta havia feito uma falta e imediatamente após a cobrança desta fez outra, sem a menor necessidade, de modo que sua expulsão adveio de pura e simples burrice). A Barbie, digo, o Náutico conseguiria ainda marcar seu terceiro gol sem mérito algum: após chute despretensioso da intermediária, Lenon viu seu fraco arremate desviar num jogador leonino e enganar Magrão, entrando sorrateiramente no canto direito do goleiro rubro-negro. Mesmo tendo recebido este verdadeiro presente, a equipe alvirrubra não teve forças para buscar o empate e amargou sua primeira derrota no estadual.
            Para finalizar o presente texto, cabe-me fazer algumas considerações: 1) para variar o Náutico esteve muito bem no campeonato, mas borrou-se todo diante do Sport (o mesmo aconteceu ano passado); 2) a defesa alvirrubra que estava invicta em 4 jogos levou 4 gols numa mesma partida (cabe aqui uma curiosidade: após marcar 8 gols e não sofrer nenhum em duas rodadas o Serra Talhada levou 4 gols do Santa Cruz; eu havia dito a minha mãe – que supostamente é alvirrubra – que o Náutico igualmente seria “desvirginado” com 4 gols do Santa e acabei acertando em parte, errei apenas o time que “descabaçaria” o timbu); 3) um aspecto positivo do Náutico ao final da partida foi a sóbria declaração de Eduardo Ramos que demonstrava ter sido normal a derrota num clássico, jogando na casa do rival (dos males o menor, o timbu perdeu, mas conseguiu livrar-se da goleada que vinha se desenhando no início tanto do primeiro quanto do segundo tempo); 4) me surpreendeu a declaração do técnico Mazola ao final da partida, que disse ter o Sport ganho de “um grande time”: humildade e Mazola Jr. Não costumam andar juntos, para o prejuízo deste; 5) a exemplo do que já ocorrera na partida entre Sport e Náutico pela série B do brasileiro de 2011 (cuja vitória foi do leão), Marcelinho Paraíba voltou a perder seu dente frontal numa trombada com um atleta adversário; o jogador pediu ao massagista que procurasse o dente e correu o boato (desmentido por Marcelo no dia seguinte) de que ele oferecera uma recompensa de mil reais para quem achasse seu pedaço perdido; 6) com o tropeço do Náutico o Salgueiro assumiu a ponta da tabela após 4 vitória seguidas, incluindo uma diante do Santa Cruz. E o carcará ainda voltaria a aprontar contra time grande...

Alberto Bezerra de Abreu, 04/02/2012, redigido ao som de Charlie Parker

Ps. O texto começou a ser redigido dia 03/02/2012, dia do aniversário de 98 anos do Santa Cruz; registro aqui minha homenagem ao “mais querido”.

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