terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

No “clássico das emoções”, estas foram muito além dos gols

              Flávio "caça rato" Recife marcou um belo gol e abriu o placar no estádio dos Aflitos


            Jogadores corais comemoram o primeiro gol, na estreia do novo uniforme tricolor
Nesta jogado o meio-campo alvirrubro Cascata rompeu os ligamentos do joelho e não atuará mais pelo timbu o PE 2012



Por Alberto Bezerra

            Náutico e Santa Cruz entraram em campo no sábado (e por isso o jogo não foi televisionado, como fora o clássico anterior, disputado num domingo) em situações diversas: embora tendo perdido seu primeiro clássico para o Sport no fim de semana anterior, o time alvirrubro havia se recuperado no meio de semana e mantinha-se no topo da tabela, perdendo do Salgueiro apenas no critério de desempate; de quebra, a vitória timbu na quarta-feira mantinha os 100% de aproveitamento do time jogando em seus domínios, local onde seria disputado o clássico do qual agora nos ocupamos. Já o Santa Cruz, após haver sido derrotado pelo Araripina no sertão no fim de semana anterior, desperdiçou a chance de reabilitação diante do Central, jogando no Arruda. Uma vitória coral seria suficiente para espantar a má impressão deixada na quarta-feira (e de quebra deixaria ainda maiores dúvidas no ar acerca da capacidade do Náutico encarar adversários de nível técnico equivalente ao seu); uma derrota tricolor, entretanto, poderia ser o início duma crise. No final das contas, prevaleceu o empate e o destaque do jogo não vestia camisa tricolor ou alvirrubra, mas amarela: o árbitro Emerson Sobral, unanimidade negativa da partida.
            No primeiro tempo a iniciativa foi do time de casa: o timbu apostava nas bolas alçadas na área (provavelmente para aproveitar o péssimo desempenho da zaga coral neste tipo de jogada; curiosamente, de todos os jogos nos quais o tricolor sofreu gols, este foi o único em que nenhum deles foi de cabeça), enquanto o santinha apostava nos contra-ataques. E foi assim que o time do Arruda abriu o placar: aos 11 minutos, após um contra-ataque alvirrubro (que acabou com o jogador timbu derrubado, porém o árbitro, que iria marcar a falta voltou atrás ao ver o “bandeirinha” sinalizar erradamente impedimento) o tricolor bateu rapidamente o impedimento (fora do local correto); Carlinhos Bala carregou a bola e lançou Flávio “caça rato” Recife, que deixou o zagueiro para trás e, avançando pela direita, chutou cruzado de leve, tirando-a do alcance do goleiro Gideão e marcando um belo gol. O Náutico empatou aos 23 em falha do zagueiro Leandro Souza; Cascata aproveitou o passe de Siloé, girou dentro a área e acertou o canto esquerdo do goleiro Tiago Cardoso (outro belo gol, em que a bola ainda bateu na trave antes de entrar). Noutro erro bizarro de Leandro Souza (que afastou mal a bola), Cascata teve a chance dentro da área coral, mas chutou por cima, retribuindo assim o presente do defensor tricolor.
            Devido a grande quantidade de cartões amarelos distribuídos pelo árbitro (sobretudo para a equipe coral), o técnico Zé Teodoro decidiu modificar o time na etapa complementar: assim, o zagueiro André Oliveira foi substituído por Everton Sena e o volante Anderson Pedra deu lugar ao meia Luciano Henrique. E foi dos pés deste que saiu o segundo tento coral: em velocidade o atleta avançou pela direita e sua tentativa de cruzamento rasteiro para o meio da área foi interceptada pelo volante alvirrubro Elicarlos, que acabou jogando contra o patrimônio. Com o objetivo de garantir o resultado, Zé Teodoro tirou o meio-campo Natan e colocou o volante Sandro Manoel (que fez sua estréia pelo mais querido); entretanto, aos 48 minutos do segundo tempo o árbitro marcou pênalti de Leandro Souza em Souza; o volante alvirrubro cobrou bem e garantiu o empate alvirrubro, estragando assim a festa de 98 anos do Santa Cruz.
            Além da estréia de Sandro Manoel, a partida contra o Náutico marcou a estréia do volante Léo como titular da equipe (em virtude da contusão de Weslley); eis a escalação completa do Santa: Tiago Cardoso, Eduardo Arroz, Leandro Souza, André Oliveira (Éverton Sena) e Dutra; Anderson Pedra (Luciano Henrique), Memo, Léo e Natan (Sandro Manoel); Flávio Recife e Carlinhos Bala. Neste jogo, Luciano Henrique e, principalmente Carlinhos Bala demonstraram evolução no futebol apresentado; numa das jogadas mais importantes da partida, Bala avançou em velocidade pela intermediária adversária, mas chutou por cima, de fora da área; para quem achou que o atleta se precipitou (pois deixara o marcador para trás e poderia ficar cara a cara com o goleiro), cabe salientar que o jogador sentiu a coxa durante a arrancada e por isso optou por chutar de longe (veja entrevista do jogador neste link: (http://www.coralnet.com.br/noticias_ler.asp?id=16780). Pior: além de perder o gol, bala se machucou e ficou de fora do jogo seguinte da equipe tricolor. Aparentemente sua lesão não é grave. Menos sorte teve o meio-campista alvirrubro Cascata que, em disputa de bola com Bala, acabou rompendo os ligamentos do joelho e vai ficar cerca de 6 meses parado, não mais atuando no PE 2102; cabe salientar que o atleta coral não teve culpa pela lesão de Cascata (ao contrário do que se deu com o atacante timbu Rogério, tema este já abordado por nós em outra postagem), bem como que o lateral improvisado William Rocha do Sport também rompeu os ligamentos do joelho (sozinho) e será outro atleta que não mais atuará no PE 2012.
            Além das lesões, o chamado “clássico das emoções” trouxe vários desfalques para ambos os times, em virtudes da chuva de cartões amarelos distribuídos por Sobral: o Náutico perderia para a partida seguinte nada menos que seus três volantes: Derley, Elicarlos e Souza (além do lesionado Cascata); por sua vez, o Santa Cruz perdeu o zagueiro André Oliveira, o lateral direito Eduardo Arroz e o atacante Flávio “caça rato” Recife (além de Carlinhos Bala, lesionado). Assim se justifica o título deste texto: no “clássicos das emoções” estas não ficaram por conta apenas dos gols, mas das “cagadas” da arbitragem, que foi unanimemente reprovada.
            Cabe então abrir um parágrafo exclusivamente para comentar a arbitragem: o pênalti marcado aos 48 do segundo tempo foi absurdo: ao ver a imagem na TV vi já no primeiro lance que o volante timbu se jogou, ou seja, não foi no replay; tratava-se de um lance fácil e tal marcação causou revolta nos atletas corais que já se julgavam vencedores. Ao final da partida os jogadores do santinha ficaram em frente ao árbitro e o aplaudiram sarcasticamente. O fato é o seguinte: na jogada que originou o primeiro gol coral, o atleta alvirrubro sofreu falta na entrada da área tricolor (falta esta que seria marcada pelo juiz); como o “bandeira” havia marcado impedimento, o árbitro voltou atrás, mas errou, pois não havia impedimento. Assim o Náutico foi prejudicado. Também houve irregularidade na reposição de bola, pois time do Arruda bateu o impedimento não no local onde ele supostamente aconteceu e dai se originou o gol do santinha. Cabe salientar aqui o comentário de Lúcio Surubim no programa Lance Final: embora tenha havido dois erros da arbitragem, o timbu teve oportunidade de matar o contra-ataque tricolor e não o fez, tendo preferido ficar reclamando. Ora, um erro não justifica o outro, mas que o Náutico poderia ter evitado o primeiro gol coral, isso poderia. Dessa forma, não há como encarar o pênalti senão como uma compensação; em minha opinião o maior problema não foi tanto a marcação duma “penalidade” inexistente, mas o fato de a jogada não haver sido sequer duvidosa, (ou seja, tratou-se de algo verdadeiramente escandaloso, pois o defensor coral apenas encostou no atleta alvirrubro, que prontamente desabou), somando-se a isso o fato de sua marcação ter-se dado aos 48 minutos, como se a intenção fosse deliberadamente prejudicar o time das três cores. Aliás, uma das reclamações do pessoal do Santa foi que após a cobrança do pênalti o juiz encerrou o jogo prontamente (aparentemente haveria mais acréscimos). Mesmo sendo tricolor, discordo do comentário de ...
            Em jogo fora de casa o Sport fez sua parte e venceu o Serra Talhada por 2 x 1; como o segundo tento leonino, bem como o gol sertanejo foram de pênalti, o placar com a bola rolando seria 1 x 0. No primeiro tempo ambas as equipes se pouparam, em virtude do sol forte do sertão. Ainda assim, o domínio da partida foi do leão que, entretanto, não conseguiu abrir o placar, embora tenha posto o goleiro adversário para trabalhar. Na etapa complementar o rubro-negro adotou uma postura bastante ofensiva, chegando a atacar por vezes com 4 jogadores; aos 9 minutos Jheimy abre o placar para o Sport. Aos 24 o time leonino ampliou o placar com Marcelinho Paraíba, de pênalti. Também de pênalti o Serra Talhada descontou, com Kássio, o que não foi suficiente para evitar a quinta derrota consecutiva do cangaceiro.
            O resultado mais surpreendente da rodada (talvez o único realmente inesperado) foi a derrota do até então líder Salgueiro para o Belo Jardim que, jogando em casa, conquistou sua terceira vitória seguida (1 x 0), reabilitando-se assim dos resultados negativos que colheu no início do torneio. Assim, o Salgueiro perdeu a chance de tornar-se líder isolado da competição (antes dividia a ponta com o Náutico, superando-o no saldo de gols), pois se o time alvirrubro somou apenas um ponto na rodada, o carcará não conquistou nenhum, amargando sua segunda derrota no torneio, após uma bela seqüência de 5 vitórias consecutivas. Jogando em casa o América amargou mais uma derrota (2 x 1) em favor do Central e manteve-se com apenas 1 ponto conquistado em 7 partidas. Porto x Petrolina e Ypiranga x Araripina não passaram de empates sem gols e sem o menor interesse para este texto.
            Em suma, o destaque da rodada foram os tropeços dos dois lideres, o que contribuiu para tornar o campeonato mais interessante.

Alberto Bezerra de Abreu, redigido em 08-09/02/2012 ao som de Louis Armstrong

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sexta rodada do PE 2012: a impressão do “clássico dos clássicos” (parcialmente) apagada

Em sua reestreira com a camisa do Santa Cruz no Arruda, Carlinhos Bala viu o time passar em branco
Jeferson Maranhão perde gol feito...
                                         ... e lamenta a oportunidade desperdiçada.
Também o Sport caiu em Salgueiro

                         Carcará sertanejo domou o leão da capital



Por Alberto Bezerra

            Primeiramente, cabe elucidar o título da postagem: tendo em vista que a situação do Náutico antes do clássico contra o Sport era a de um time com 100% de aproveitamento, enquanto a da equipe rubro-negra era a de um time que, após dois tropeços nas duas rodadas iniciais, vinha numa crescente contínua (3 vitórias seguidas), pairou no ar a seguinte dúvida: após a derrota alvirrubra, será que o timbu começaria a declinar, enquanto o leão engrenaria de vez? A resposta a esta pergunta foi negativa, já que na rodada seguinte (a sexta, sobre a qual escrevemos agora), trouxe-nos mais uma vitória do Náutico e a primeira derrota do Sport. Neste sentido, a impressão do clássico foi apagada. Por outro lado, se levarmos em consideração o fato recorrente da covardia timbu ante o leão (sobretudo nos domínios deste), a escrita de um Náutico que, por melhor que esteja, se amedronta diante do time da Ilha do Retiro permanece (dois exemplos recentes: 1)no primeiro jogo da final do pernambucano de 2010, após vencer o primeiro tempo por 3 x 0 nos Aflitos, o Náutico viu o Sport achar 2 gols – ou seja, marcá-los mais por sorte que por mérito – e viu sua vantagem para o jogo da volta ser diminuída; neste – na Ilha do Retiro – bastava ao leão uma vitória por 1 x 0 e foi exatamente isto o que aconteceu, sendo que o time alvirrubro não jogou nada, embora o mesmo valha para o Sport após este marcar seu gol, ainda no primeiro tempo; 2) no primeiro jogo da semi-final de 2011 o Náutico – que não havia perdido clássicos na fase de pontos corridos, vencendo Santa e Sport nos Aflitos e empatando com ambos nos campos destes –, o timbu foi facilmente derrotado por 3 x 1, o que lhe valeu novamente a derrota na somas dos resultados, já que no jogo da volta o alvirrubro venceria por 3 x 2). O que é importante frisar nestes exemplos não são as derrotas do Náutico, mas as atuações nitidamente apáticas, mesmo quando o time vinha desempenhando um futebol melhor que o do rival. Dito isto, passemos aos resultados dos jogos da sexta rodada do PE 2012.
            Comecemos pelo timbu, que conseguiu sua reabilitação jogando em casa contra o Ypiranga, que vinha pressionado em virtude de suas derrotas seguidas. Já aos 11 minutos da etapa inicial, Souza, em bela cobrança de falta pôs o timbu em vantagem. Logo em seguida o volante Derley aproveitou a assistência de Eduardo Ramos e ampliou o placar. O terceiro viria de um cruzamento, tendo a bola batido nas costas do zagueiro timbu Marlon, porém o árbitro assinalou o gol para Derley. O Ypiranga, que não oferecera resistência, limitou-se a marcar seu gol de honra no final da partida com Ludemar. Assim, o Náutico não só se recuperou da derrota no clássico, como manteve os 100% de aproveitamento jogando em seus domínios. Por sua vez, a equipe de Santa Cruz do Capibaribe amargou sua terceira derrota seguida.
            O duelo entre o embalado Sport (4 vitória seguidas) e o mais embalado ainda Salgueiro (5 vitórias seguidas e liderança da competição justamente em virtude da vitória rubro-negra contra o Náutico) foi certamente o jogo de maior destaque da rodada. Pessoalmente criei muita expectativa em relação a este jogo, pois até hoje permaneço indignado com a postura diferenciada de Porto e, sobretudo Central, em relação ao Santa Cruz por um lado (jogando muito contra o time coral) e a Náutico e Sport (principalmente este último), demonstrando submissão. Embora isto possa ser explicado em parte pela situação adversa do tricolor do Arruda (que ao disputar uma série D nacional passou a não ser encarado como clube tão grande assim, o que é natural), é fato patente que o empenho dos times caruaruenses ano passado foi bastante limitado contra alvirrubros e rubro-negros. Por isso a partida entre Salgueiro e Sport me chamou atenção, após o time sertanejo ter vencido o Santa por 2 x 0 na segunda rodada. De acordo com relatos da imprensa (embora o jogo tenha sido televisionado eu não o assisti) o jogo foi disputado (ao menos no primeiro tempo, que terminou sem gols). No entanto, já no início da etapa complementar, Fabrício Ceará marcou de cabeça (jogada forte do time sertanejo) e deixou o Salgueiro em vantagem. O segundo seria novamente de Ceará, desta vez em cobrança de falta que desviou em Hamilton e enganou o goleiro Magrão. E embora o placar final tenha sido o mesmo que o carcará impôs à cobra coral, cabe salientar que o time sertanejo teve um gol legítimo anulado pela arbitragem, o que significa que (em que pese o fato de o Sport não ter jogado tão mal quanto o Santa Cruz diante do Salgueiro), sua derrota deveria ter-se dado por placar mais elástico não fosse o erro da arbitragem. Assim o leão perdeu sua invencibilidade (seus dois tropeços iniciais foram empates) e o Salgueiro manteve a ponta, mesmo com a vitória do Náutico.
            Por sua vez, o Santa Cruz também buscava reabilitação e também jogou em casa mas, ao contrário do Náutico, não passou dum empate com o Central. O time coral entrou com a seguinte formação: Tiago Cardoso; Eduardo Arroz, Leandro Souza, André Oliveira e Dutra (Renatinho); Anderson Pedra, Memo, Luciano Henrique e Natan (Jefferson Maranhão); Flávio Recife e Branquinho (Carlinhos Bala). Embora a dificuldade dos atacantes tricolores marcarem gols fosse notória, o time de Caruaru entrou em campo com uma postura eminentemente defensiva, pois sua difícil situação na tabela não lhe permitia correr riscos. O que se viu durante o primeiro tempo foi o time de casa buscar o gol, porém fazê-lo sem qualidade, com direito a “furada” (mirar a bola e chutar o vento); a equipe visitante, por sua vez, limitava-se a defender, abusando das faltas (algumas delas violentas) e buscava o contra-ataque sem se expor; foi dessa forma que próximo do fim da primeira etapa o atacante alvinegro Lenilson foi derrubado por Eduardo Arroz próximo a linha da grande área: os jogadores do Central pediram pênalti, mas o árbitro marcou apenas falta, a qual foi desperdiçada pelo time visitante. Insatisfeito com o rendimento do time, Zé Teodoro mudou a equipe para a segunda etapa: Renatinho substituiu Dutra na lateral esquerda, tornando assim o time mais ofensivo, pois atuando nessa posição Renatinho joga como ponta, enquanto Branquinho deu a vaga a Carlinhos Bala, que fez sua reestréia com a camisa coral no estádio do Arruda. Tais alterações não surtiram efeito e ainda antes dois 15 minutos Zé pôs o meia-atacante Jeferson Maranhão no lugar do meia Natan. A torcida chiou, pois inicialmente a intenção do treinador era colocar o volante Léo (tanto que Zé chegou a mandá-lo aquecer para entrar na partida); aqui é importante tentarmos entender a cabeça do treinador: o time precisava da vitória e o técnico optou por tirar um meia e pôr um meia-atacante, o que faz sentido (é importante salientar isso, pois em geral Zé Teodoro é demasiado cauteloso em relação a deixar seu time mais ofensivo, expondo-o assim defensivamente); porém, embora Maranhão tenha participado ativamente do jogo, perdeu uma chance clara de gol. O fato é que Léo vinha sendo inequivocamente um dos melhores (senão o melhor) atleta coral, mesmo nunca tendo iniciado jogando neste campeonato. O mal-estar acerca da insistência do treinador em não escalar o volante como titular foi tamanha que aquele teve de justificar-se: segundo ele, Léo é menos combativo na marcação, e colocá-lo como volante faria o time se expor mais defensivamente (http://www.coralnet.com.br/noticias_ler.asp?id=16748). Após fazer suas três mudanças, a equipe tricolor viu seu adversário ter um atleta expulso, porém, nem assim o time do Arruda conseguiu abrir o marcador. Embora pressionasse, foi o Central quem quase marcou, mandando uma bola na trave (chute fraco, rasteiro e estranho, pareceu-me que Tiago Cardoso  subestimou o arremate e quase foi surpreendido). Empate com gosto de derrota para o santinha, não só por jogar em casa, e ter tido um jogador a mais durante parte do jogo, mas também em virtude da derrota para o Araripina no jogo anterior. Cabe aqui um comentário: acredito que este empate foi mais prejudicial ao time que suas duas derrotas, pois nestas o time não só jogou fora, mas foi ao sertão (longe e quente), e encarou equipes que se portaram bem em campo (o Salgueiro principalmente, tendo inclusive vencido também o Sport), enquanto o Araripina, mesmo não tendo conseguido vencer o leão, tirou-lhes dois pontos e deu trabalho ao Náutico, mesmo sendo por ele derrotado. O caso do Central parece-me ter sido diferente; embora não tenha acompanhado o jogo (não pude ir ao estádio e ouvi apenas parte da partida no rádio), ouvi o próprio treinador da patativa dizer no intervalo que o time jogou mal, pois não tinha posse de bola (jogar defensivamente não significa necessariamente não ter posse de bola); assim, a impressão que tive foi que o fracasso coral se deu quase que exclusivamente por incompetência própria (cabe salientar que em ambos os jogos no qual o santinha foi derrotado, os adversários não tiveram jogadores expulsos; em todos os demais jogos isso aconteceu, e mesmo assim, no caso do jogo contra o Central, o tricolor não conseguiu aproveitar sua vantagem numérica). Além disso, por jogar em casa o descontentamento da torcida bateu forte, até porque se o resultado conquistado foi ruim, o futebol apresentado foi péssimo. A não entrada de Léo repercutiu muito mal, bem comoo fraco futebol (recorrentemente) apresentado por Branquinho e, principalmente, Flávio “caça rato” Recife. Tudo que o santinha não precisava era de pressão para o clássico com o Náutico...
            No que concerne aos jogos dos times do interior, destaque para a vitória do Belo Jardim (jogando em casa e conquistando seu segundo triunfo consecutivo) diante do Serra Talhada (que após duas vitórias por goleada, só faz perder): 2 x 0.  A vitória do Petrolina (também jogando em casa) diante do Araripina (1 x 0) também merece destaque. Menos significativa foi a vitória do Porto (2 x 0), jogando em casa contra o cada vez mais lanterna América. Cabe aqui uma observação de algo que acabei de perceber: nesta rodada, todos os times que jogaram em casa venceram, com exceção do Santa Cruz =/

Alberto Bezerra de Abreu, 07/02/2012, redigido ao som de Sonny Clark

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Quinta Rodada PE 2012: “clássico dos clássicos” sem surpresa

                    Desta vez o penalti perdido por Weslley fez falta ao santinha
 Mesmo sendo o jogador mais lúcido do Náutico em campo, Souza não conseguiu levar o timbu ao empate
Marcelinho Paraíba volta e perder dente em jogo na Ilha do Retiro



Por Alberto Bezerra

            A quinta rodada do PE 2012 tinha como grande atração o primeiro clássico do ano, porém a rodada começou com um único jogo na tarde de sábado: Araripina x Santa Cruz, tendo o time da casa vencido por 2 x 0. O santinha entrou com a seguinte escalação: Tiago Cardoso; Eduardo Arroz, Leandro Souza, André Oliveira e Dutra (Renatinho); Anderson Pedra (Carlinhos Bala), Memo, Weslley e Natan (Luciano Henrique); Flávio Recife e Branquinho. Já no início do jogo o time coral foi surpreendido com um gol de cabeça (calo da equipe no campeonato até aqui) do time sertanejo. Aos 9 minutos o atacante tricolor Branquinho foi derrubado na área e assim como havia acontecido no jogo anterior, Weslley bateu fraco, rasteiro, no meio do gol e sem deslocar o goleiro adversário (leia-se atrasou a bola para o guarda metas), desperdiçando a chance do empate. Embora tenha pressionado o adversário e criado chances, o time do Arruda voltou a ser demasiado incompetente na finalização (outro calo da equipe no torneio) e não conseguiu empatar a partida no primeiro tempo. Sem alterações na etapa complementar, o Santa continuou padecendo dos mesmos defeitos, até que Zé Teodoro resolveu mexer na equipe: pôs Luciano Henrique no lugar de Natan e Carlinhos Bala (fazendo sua reestréia com a camisa coral) na vaga de Anderson Pedra, porém a produção da equipe não melhorou. Posteriormente, o treinador tricolor resolveu pôr Renatinho no lugar de Dutra na ala esquerda, tornando o time ainda mais ofensivo (pois Renatinho que originalmente é meio-campo quando joga de lateral atua mais como ponta), no entanto a incompetência do santinha em pôr a bola para dentro persistiu (após o jogo o comandante coral afirmou que ao contrário do jogo passado, na presente partida nenhuma de suas alterações surtiu o efeito desejado). Acompanhei parte da partida pelo rádio e ouvi os comentaristas criticarem o fato de Zé Teodoro ter posto o atacante Carlinhos Bala recuado (aparentemente o atleta – que substituiu um volante – não atuou como terceiro atacante, mas como meia). A não entrada de Léo (talvez o melhor jogador tricolor até então, embora não tenha jogado uma partida inteira sequer no torneio) também repercutiu negativamente para o treinador tricolor. E como diz o famoso jargão futebolístico, “quem não faz, toma”, tendo o time da casa ampliado o placar próximo do fim do jogo, sacramentando assim sua vitória. Cabe frisar que embora a equipe sertaneja tenha tido méritos, a falha defensiva coral no início do jogo, somada a grande quantidades de chances perdidas (o time criava, mas não conseguia pôr a bola na rede adversária) foram as principais causas da segunda derrota coral no sertão; como disse um radialista, o Santa Cruz perdeu um jogo que poderia ter ganho.
            Entre os jogos dos times “menores”, o que menos me chamou atenção foi o novo tropeço do Central (empate em 1 x 1 com o Petrolina, jogando em Caruaru); o Salgueiro, jogando fora de casa bateu o Serra Talhada (que após um início de campeonato arrasador, sofreu a terceira derrota seguida), e assumiu a liderança do PE 2012 devido a derrota do Náutico no clássico. O Ypiranga, jogando em casa foi vergonhosamente derrotado pelo Porto (4 x 1 para o gavião), enquanto no duelo dos piores o Belo Jardim se reabilitou em cima do América (que jogando em , casa foi derrotado por 3 x 1), ficando assim claro que a “lanterna” é do “mequinha” e ninguém tasca (infelizmente, pois simpatizo com o clube).
            Chegando enfim ao jogo mais importante da rodada, o primeiro clássico do ano, cabe salientar o contexto no qual a partida foi realizada: embora o Náutico estivesse a 8 anos sem ganhar do Sport no campo deste, o último confronto entre as equipes (brasileiro série B 2011 nos Aflitos) acabou com vitória alvirrubra por 2 x 0 com direito a golaço de Elicarlos e atuação apática do leão. Além disso, no PE 2012 o timbu vinha com 100% de aproveitamento (4 jogos, 4 vitórias), tendo marcado gols em todas as partidas, enquanto o rubro-negro tropeçara duas vezes, tendo passado em branco no jogo com o América na Ilha do Retiro (0 x 0 pela segunda rodada). Melhor momento do visitante, tabu a favor do time da casa, seria isto indício de jogo equilibrado? Definitivamente não foi isto o que se viu em campo, sobretudo nos 15 primeiros minutos da etapa inicial: com menos de 15 minutos o Sport já vencia o Náutico por 3 x 0, e sem muita dificuldade. Logo aos 6 minutos William Rocha (improvisado na ala esquerda) cruzou a meia altura; Marlon rebateu para o meio da área e Roberson, livre de marcação, mandou para o fundo das redes (a bola ainda bateu num defensor alvirrubro, acabando assim com qualquer chance de defesa para Gideão). Quando o jogo ainda estava 1 x 0 aconteceu um fato curioso: numa cobrança de falta na intermediária do ataque leonino, o técnico da equipe rubro-negra cobrou pressa ao meia Marcelinho Paraíba, mas o veterano jogador pediu calma ao treinador. Embora o atleta tenha demonstrado experiência (pois a afobação poderia levá-lo a bater mal e entregar a bola ao adversário), Mazola estava certo em querer aproveitar o domínio exercido pelo time da casa: a vantagem leonina logo no início da partida não foi acidental, pois o time da Ilha mostrava mais disposição, marcando a saída de bola adversária, correndo mais que o rival e demonstrando estar muito melhor postado (taticamente) em campo, enquanto o timbu se mostrava demasiado nervoso, com seus defensores errando passes curtos. Não deu outra: aos 11 minutos Diogo entrou em diagonal pela esquerda da área timbu e levantou no segundo pau para a cabeçada sem marcação de William Rocha que ampliou a vantagem do leão. Logo em seguida, em contra-ataque puxado com muita competência por Marcelinho Paraíba (que avançou pela direita da intermediária alvirrubra e rolou a bola para Roberson apenas empurrar para o fundo das redes) a equipe rubro-negra ampliou o marcador, num contexto que muito me lembrou a primeira partida da final do PE 2010, onde o Náutico, jogando nos Aflitos (contando na época com Carlinhos Bala, tendo Alexandre Gallo como treinador), meteu 3 x 0 no Sport (comandado por Givanildo Oliveira, que levou um xeque-mate tático) no primeiro tempo.
            Aos poucos o Náutico foi se assentando em campo e equilibrou o jogo (ou talvez o Sport tenha se acomodado com o placar dilatado, sendo que ambas as possibilidades não são auto-excludentes); de qualquer forma, o timbu tinha mais posse de bola e se mostrava menos nervoso, porém não tinha força ofensiva suficiente para ameaçar a defesa adversária (salvo exceções), até que o time alvirrubro teve uma falta na entrada da área a seu favor: o volante Souza bateu com perfeição, encobrindo a barreira, sem dar a menor chance para Magrão. Embora o gol tenha sido de suma importância, o Náutico não conseguiu mais ameaçar o adversário no primeiro tempo, exceto na bola parada (sempre com Souza, que desbancou Eduardo Ramos neste ofício). Iniciado o segundo tempo, quem esperava a continuidade da reação alvirrubra quebrou a cara: aos 15 minutos, o zagueiro Tobi apareceu livre no segundo pau e bateu de voleio, a bola bateu na trave e entrou. Sem opção, o técnico timbi Waldemar Lemos partiu para o tudo ou nada: tirou o apagado meia Eduardo Ramos e pôs o atacante Berger (cabe aqui salientar que a ausência de jogadores de peso no banco prejudicou deveras o Náutico, que já se perdera seu principal atacante – Rogério – na partida anterior, devido a uma grave lesão ocasionada por uma forte entrada de um atleta rival); após cobrança de escanteio, Berger conseguiu finalizar vencendo Magrão, mas Rivaldo conseguiu evitar o gol praticamente dentro da barra. Aos 25 minutos o zagueiro rubro-negro Montoya foi expulso com o segundo amarelo ao cometer falta em Siloé; aos 29 o timbu diminuiu a vantagem do rival: o lateral Jefferson conduziu a bola da esquerda para o meio e acertou um chutaço de perna direita da entrada da área, marcando um golaço. Quem pensou que o Náutico seria todo pressão se enganou: após marcar seu belo gol, Jefferson fez duas faltas seguidas e levou o segundo amarelo, sendo também expulso (cabe salientar que o atleta havia feito uma falta e imediatamente após a cobrança desta fez outra, sem a menor necessidade, de modo que sua expulsão adveio de pura e simples burrice). A Barbie, digo, o Náutico conseguiria ainda marcar seu terceiro gol sem mérito algum: após chute despretensioso da intermediária, Lenon viu seu fraco arremate desviar num jogador leonino e enganar Magrão, entrando sorrateiramente no canto direito do goleiro rubro-negro. Mesmo tendo recebido este verdadeiro presente, a equipe alvirrubra não teve forças para buscar o empate e amargou sua primeira derrota no estadual.
            Para finalizar o presente texto, cabe-me fazer algumas considerações: 1) para variar o Náutico esteve muito bem no campeonato, mas borrou-se todo diante do Sport (o mesmo aconteceu ano passado); 2) a defesa alvirrubra que estava invicta em 4 jogos levou 4 gols numa mesma partida (cabe aqui uma curiosidade: após marcar 8 gols e não sofrer nenhum em duas rodadas o Serra Talhada levou 4 gols do Santa Cruz; eu havia dito a minha mãe – que supostamente é alvirrubra – que o Náutico igualmente seria “desvirginado” com 4 gols do Santa e acabei acertando em parte, errei apenas o time que “descabaçaria” o timbu); 3) um aspecto positivo do Náutico ao final da partida foi a sóbria declaração de Eduardo Ramos que demonstrava ter sido normal a derrota num clássico, jogando na casa do rival (dos males o menor, o timbu perdeu, mas conseguiu livrar-se da goleada que vinha se desenhando no início tanto do primeiro quanto do segundo tempo); 4) me surpreendeu a declaração do técnico Mazola ao final da partida, que disse ter o Sport ganho de “um grande time”: humildade e Mazola Jr. Não costumam andar juntos, para o prejuízo deste; 5) a exemplo do que já ocorrera na partida entre Sport e Náutico pela série B do brasileiro de 2011 (cuja vitória foi do leão), Marcelinho Paraíba voltou a perder seu dente frontal numa trombada com um atleta adversário; o jogador pediu ao massagista que procurasse o dente e correu o boato (desmentido por Marcelo no dia seguinte) de que ele oferecera uma recompensa de mil reais para quem achasse seu pedaço perdido; 6) com o tropeço do Náutico o Salgueiro assumiu a ponta da tabela após 4 vitória seguidas, incluindo uma diante do Santa Cruz. E o carcará ainda voltaria a aprontar contra time grande...

Alberto Bezerra de Abreu, 04/02/2012, redigido ao som de Charlie Parker

Ps. O texto começou a ser redigido dia 03/02/2012, dia do aniversário de 98 anos do Santa Cruz; registro aqui minha homenagem ao “mais querido”.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PE 2012 quarta rodada: consolidação da hegemonia dos “grandes”?

Léo, autor do primeiro gol coral: jogador refinado
            Renatinho comemora segundo tento tricolor com a Inferno Coral





Por Alberto Bezerra

Inicialmente o presente texto teria como aspecto central o fato de pela primeira vez no campeonato os três “grandes da capital” terem conseguido vencer numa mesma rodada; entretanto, de última hora percebi um problema, a saber, isto já acontecera na terceira rodada (como meu foco na rodada anterior foi a empolgante virada coral sobre o Serra Talhada, acabei deixando tal aspecto passar despercebido). Sem maiores problemas, coube-me apenas fazer uma pequena adaptação no escrito que agora vos apresento: encarar a quarta rodada do PE 2012 não como início, mas como possível consolidação da hegemonia dos grandes. Cabe aqui abrir um parêntese: não se trata de menosprezar os times considerados pequenos (aqueles que estão em condições de inferioridade financeira, que possuem poucos ou nenhum título e torcidas modestas), mas de analisarmos o campeonato duma maneira realista, pois, embora seja bastante comum que os times pequenos tirem pontos dos grandes em todos os campeonatos regionais (principalmente nas rodadas iniciais), é bastante difícil que um deles conquiste um título, dada as gritantes disparidades estruturais entre “grandes” e “pequenos”.
No caso do Náutico não houve novidade: quarta vitória do timbu em quatro jogos, desta vez contra o América, no estádio dos Aflitos. A vitória alvirrubra deu-se sem maiores dificuldades; a única consistiu em o time não ter conseguido abrir o placar no primeiro tempo (pairando no ar a dúvida acerca da possibilidade do “mequinha” conseguir segurar outro grande jogando em seus domínios, como fizera com o Sport na segunda rodada). No entanto (e como eu já frisara aqui), tal resultado não passara de um engano, servindo a vitória timbu sobre o América como apenas mais uma prova deste fato. O fato negativo da partida (que teve mais repercussão que o resultado) foi a forte entrada do lateral alviverde Maneco no atacante alvirrubro Rogério (um carinho rente a linha lateral) que ocasionou a ruptura de dois ligamentos do joelho do atleta (em imagens televisivas de vestiário pudemos ver que houve também um corte na canela do jogador, que precisou levar pontos). Estima-se que Rogério ficará pelo menos 6 meses longe do futebol. Faz-se necessário aqui dois comentários: 1) o atleta do América merecia sim ter sido expulso e merece alguma espécie de suspensão, pois foi deveras imprudente; 2) embora tenha sido uma entrada infeliz, a entrada de Maneco pode ser considerada criminosa (termo usado por alguns) no que concerne ao seu resultado, mas não a sua intenção, pois de fato o atleta visou (e atingiu) a bola, em seguida atingindo o jogador adversário. O que mais me chamou atenção foi a revolta com o árbitro: inicialmente pensei ter ele sido covarde, mas após relatos de que ele sequer daria amarelo, e só o fez por conta dos protestos dos jogadores do Náutico, ficou claro para mim o seguinte: ele não viu a jogada por um ângulo favorável e a responsabilidade por isso só pode lhe ser atribuída em parte, pois se  é obrigação do árbitro acompanhar os lances de perto, é igualmente obrigação de quem organiza os torneios (FIFA, CBF, FEP, etc.) dar subsídios aos juízes, o que efetivamente não acontece. Tal tema merece um texto específico. O fato é que em termos de regras o futebol está deveras arcaico, anacrônico, atrasado. Se há tanta resistência em permitir aos árbitros utilizarem imagens televisivas para terem maior segurança em suas decisões, o mínimo que se poderia fazer era aumentar o número de árbitros em campo.
Em Belo Jardim o Sport conseguiu vencer sem dificuldades o time que ostenta o nome da cidade, pelo dilatado placar de 3 x 0, consolidando assim sua reação no campeonato. Já no estádio do Arruda, o Santa Cruz enfrentou o Ypiranga (da cidade de Santa Cruz do Capibaribe), não parando por ai a relativa identidade entre os dois times, pois a equipe do agreste conta com o atacante Ludemar, que vestiu a camisa do tricolor pernambucano na série D do brasileiro de 2011, bem como com o técnico Dado Cavalcanti, que comandou a equipe coral em 2010. O time da casa entrou com a seguinte formação: Tiago Cardoso, Eduardo Arroz (Léo), Leandro Souza, André Oliveira e Renatinho; Anderson Pedra, Memo (Luciano Henrique), Weslley e Natan (Jefferson Maranhão); Flávio Recife e Branquinho e foi logo para cima do adversário, mas não teve competência para abrir o placar no início da partida e viu seu ímpeto ofensivo diminuir com o passar do tempo. Embora o goleiro Geday tenha feito muitas defesas, discordo da opinião dos radialistas que o consideraram o principal responsável pelo empate no primeiro tempo, pois penso que a maior parte de suas defesas foram fáceis, incluindo o pênalti (duvidoso, pois penso que foi bola na mão e não o contrário), batido de forma bisonha (fraco, rasteiro, no meio e “telegrafando”, ou seja, indicando onde vai bater) por Weslley. No final do primeiro tempo Júlio do Ypiranga foi expulso com o segundo amarelo, mas o placar não se mexeu.
Contando (mais uma vez, pois o mesmo aconteceu na maior parte dos jogos do Santa neste campeonato) com um jogador a mais, jogando em casa e não passando de um empate, o técnico Zé Teodoro resolveu ousar: Eduardo Arroz foi substituído por Luciano Henrique (que fez sua estréia com a camisa tricolor); o meia assumiu a posição de Weslley, que foi para a ala direita na vaga deixada por Arroz; Memo deu lugar a Léo (um a troca de jogadores da mesma posição – ambos volantes –, mas com características diversas, pois Léo tem excelente passe, dita o ritmo do jogo e auxilia com competência o ataque). E foi justamente Léo que abriu o marcador logo no início do segundo tempo: dominou uma bola afastada pela zaga e, na entrada da área, pelo lado esquerdo, deu um corte sutil no marcador e bateu colocado no lado esquerdo do goleiro Geday. Um golaço, esbanjando categoria. Com um jogador a menos e perdendo só restava à máquina de costura recorrer aos contra-ataques, mas não tendo êxito, viu a equipe coral ampliar sua vantagem aos 15 minutos com um chutaço de canhota de Renatinho da intermediária: outro golaço, novamente do lado esquerdo do goleiro adversário (é interessante salientar que no rádio se dizia – com certo excesso, como já frisei – que Geday estava pegando tudo, mas que como os chutes só iam para a sua direita, e como o único chute direcionado ao seu lado esquerdo no primeiro tempo lhe causou dificuldade, talvez a mina de ouro fosse chutar no seu lado esquerdo; penso que embora o lado esquerdo possa ser sim o mais fraco do goleiro, ambos os chutes foram muito bem executados, não havendo possibilidade de se falar em falha do arqueiro do Ypiranga). A beleza de ambos os gols foi tamanha que na edição do dia seguinte do Globo Esporte PE pediram para que Zé Teodoro escolhesse qual dos dois seria o candidato coral ao “gol do povo” naquela semana (ele escolheu o de Léo, que venceu os 2 concorrentes); por isso mesmo posto aqui os vídeos de ambos os gols.  Após o gol de Renatinho (que foi comemorar veementemente com a torcida organizada Inferno Coral, pois havia sido “flagrado” de boné – tentando passar despercebido – na torcida do Sport no jogo deste contra o Petrolina no estádio dos Aflitos, o que causou certo mal-estar – o atleta explicou que estava ali a pedido de sua namorada, que torce para o time rubro-negro – pois alguns torcedores do santinha acharam sua atitude errada) o Santa Cruz passou a administrar o jogo e o Ypiranga não fez maiores esforços para reverter o placar.
Quanto aos times do interior, o destaque foi o Salgueiro que, jogando em casa, bateu o Central por 3 x 0 (o time caruaruense, que tropeçara nas duas primeiras rodadas e se reabilitara em grande estilo ao golear o Porto por 4 x 0 voltou a perder o encanto, sendo derrotado por placar elástico); por sua vez o Porto tropeçou ao empatar (em casa) com o Araripina por 1 x 1. Por fim, o Petrolina (jogando em casa), bateu o Serra Talhada por 2 x 0, demonstrando assim que o bom futebol do “cangaceiro” não passou de “fogo de palha”.

Alberto Bezerra de Abreu, 02-03/02/2012, redigido ao som de Marcelo Camelo – “Toque dela”.