domingo, 29 de janeiro de 2012

No duelo entre os campeões pernambucanos das séries A e B o título de "Barcelona do Nordeste" ficou com o Santa Cruz.



                                                       Cangaceiro tentou dar cabo da cobra coral...
                                                   ...mas o Jesus tricolor não permitiu.
Flávio "caça rato" Recife enfim marcou seu primeiro gol pelo Santa Cruz em partida oficial

Enquanto isso, na Ilha do Retiro, acidente obriga a transferência do jogo do Sport para a casa de bonecas.

Por Alberto Bezerra

            A terceira rodada do pernambucano 2012 começou com dois dos três times grandes do Estado (justamente o campeão e o vice do torneio passado – Santa Cruz e Sport, respectivamente), buscando a reabilitação após tropeços no meio de semana; ambos conseguiram. Comecemos pelo final: devido ao alagamento da Ilha do Retiro (que virou motivo de chacota para os rivais, tendo esta sido exibida inclusive no Globo Esporte Pernambuco http://globoesporte.globo.com/futebol/times/sport/noticia/2012/01/alagamento-da-ilha-do-retiro-provoca-piadas-nas-redes-sociais.html), o jogo do time rubro-negro não só foi adiado para o dia seguinte (segunda-feira), como também transferido para outro estádio (Aflitos). Nele, o que se viu foi o domínio do Sport, que marcou logo aos 6 minutos. Embora controlasse o jogo, o time da Ilha não conseguia ampliar o marcador, até que, aos 40 minutos ainda do primeiro tempo o goleiro Magrão teve de sair da área e ao afastar mal a bola com os pés, viu-a ser dominada por Geovane do Petrolina, que de imediato chutou-a para o gol, encobrindo não só o goleiro como também zagueiro/s rubro-negros/s, marcando assim um golaço. O leão conseguiu marcar o segundo gol sem maiores problemas e não passou disso, conquistando assim sua primeira vitória no estadual e afastando a possibilidade de crise que rondava a Ilha.
            O Náutico jogou no sertão contra o Araripina e conseguiu uma difícil – e importante – vitória pelo placar mínimo, gol de Rogério marcado aos 29 minutos do primeiro tempo. Assim, o timbu não só se manteve como único time com 100% de aproveitamento, mas conseguiu a façanha de vencer duas partidas jogando no sertão, enquanto o Sport não passou de um empate com este mesmo Araripina na primeira rodada e o Santa Cruz foi derrotado pelo Salgueiro na rodada passada.
            Entre os times do interior, merece destaque o clássico caruaruense: após tropeçarem na primeira rodada, Porto e Central chegaram nesta terceira em situações diversas: enquanto o gavião recuperou-se na segunda rodada ao vencer o Belo Jardim fora de casa a patativa não passou de um empate com o Araripina, mesmo jogando em Caruaru. O que se viu, no entanto, não foi um jogo assim tão disputado: embora o Porto tenha criado algumas chances, não foi competente para converte-las, ao passo que o Central não se limitou a criar muito, tendo obtido bastante êxito nas finalizações; resultado, 4 x 0 para a patativa, que devolveu a goleada sofrida ano passado (onde os quatro gols foram marcados por Paulista, artilheiro do PE 2011).
            Outros jogos dos times interioranos que merecem destaque são o do Ypiranga, que após estrear vencendo o Central e prosseguir sendo goleado por 4 x 0 pelo Serra Talhada, conseguiu se reabilitar diante do Belo Jardim, vencendo-o por 3 x 1, bem como o do Salgueiro, que após a estréia com derrota para o Petrolina nos domínios deste (3 x 1), se reabilitou em cima de ninguém menos que o atual campeão Santa Cruz e prosseguiu sua evolução batendo o América por 3 x 0. Há duas observações a serem feitas sobre este jogo: 1) embora o América tenha jogado em casa, como o Salgueiro fez seus jogos em casa no estádio do América na série B do brasileiro do ano passado, o carcará sentiu-se em casa mesmo jogando na capital; 2) após empatar com o  Sport na Ilha o América voltou a perder por placar elástico, e sem conseguir marcar um gol sequer, amargando assim o péssimo retrospecto de ter tomado 7 gols em três jogos e não ter maçado nenhum, demonstrando assim que, a exemplo do ano passado, irá brigar para não ser rebaixado.
            Deixando o melhor para o final, enfim chegamos ao jogo mais esperado da quarta rodada: Serra Talhada x Santa Cruz, o campeão pernambucano da série B versus o da série A de 2011. No PE 2012, porém, o time sertanejo levava a melhor não só sobre o tricolor do Arruda, mas sobre todos os demais times do campeonato, pois em duas rodadas o time que tem como mascote o cangaceiro ostentou a impressionante marca de 8 gols marcados e nenhum sofrido em dois jogos.Embora a cor laranja de seu uniforme tenha rendido comparações com a seleção holandesa de 1974, a comparação que ganhou a boca do povo foi com o Barcelona da Espanha, melhor time do mundo com sobras atualmente. Assim, termos como “barçassera” ou “serrabarça” tornaram-se comuns na imprensa pernambucana. Por sua vez o santinha vinha de derrota para o Salgueiro no sertão, tendo marcado 2 gols e sofrido 3 em dois jogos. Precisava reabilitar-se. Como o zagueiro Leandro Souza fora expulso na derrota contra o Salgueiro, Everton Sena voltou a ser escalado para compor a dupla de zaga com André Oliveira. Eis a escalação do tricolor: Tiago Cardoso, Eduardo Arroz (Jefferson Maranhão), Evérton Sena, André Oliveira e Renatinho; Anderson Pedra (Chicão), Memo, Weslley e Natan (Léo); Branquinho e Flávio Recife.
Iniciada a partida o que se viu foi o time de casa engolir o visitante; após Tiago Cardoso espalmar a bola para escanteio o Serra Talhada abriu o placar de cabeça (calo tricolor na competição) e, ainda antes dos 10 minutos surpreendeu o time coral num contra-ataque onde o zagueiro André Oliveira fez pênalti no atleta do cangaceiro. O time da casa converteu a penalidade e o Santa se viu numa situação similar a do jogo contra o Treze em Campina Grande pela série D do ano passado. E assim como naquele jogo o time do Arruda reagiu, mas ao contrário daquele jogo, buscou o empate ainda no primeiro tempo: aos 20, Flávio “caça rato” Recife tocou a bola na entrada da área para Branquinho que, próximo a marca do pênalti, fez o pivô e devolveu para caça rato acertar um chute rasteiro no canto esquerdo do goleiro do Serra e mostrar que a cobra coral estava viva no jogo. Cabe salientar que foi ao recuar o volante Memo e soltar ainda mais os laterais (segundo Renatinho, que substituía Dutra na ala esquerda – pois este teve problemas pessoais a resolver e não viajou com o grupo –, ambos os laterais iniciaram o jogo com permissão para atacar, mas após os 2 gols tiveram receio de sair e deixar a defesa desguarnecida). Como não só o comentarista da Globo Lúcio Surubim (o jogo foi televisionado),  mas também o próprio técnico do Serra perceberam, tal mudança de posicionamento deixou o time coral mais ofensivo e como os meias do cangaceiro não acompanhavam os atletas do tricolor, o time do Arruda passou a ganhar todos os rebotes, pressionando a equipe adversária e não a deixando armar contra-ataques. Na base da insistência, a boa sobrou para o lateral direito Eduardo Arroz bater de perna esquerda (novamente rasteiro e no canto esquerdo do goleiro), dando assim ao “mais querido” o empate ainda na primeira etapa. Cabe salientar ter havido um pênalti e Flávio caça rato (que foi seguro na área), não tendo este sido marcado pelo árbitro (embora o cai-cai típico do atleta, bem como o aspecto espalhafatoso de sua queda tenha contribuído para que o juiz não tenha marcado a penalidade, o fato é que já no primeiro lance percebi que fora falta, de modo que o árbitro também poderia tê-lo visto caso estive mais atento e/ou melhor posicionado).
            No segundo tempo, embora o Santa Cruz tenha mantido o domínio do jogo, demorou para que conseguisse passar a frente no marcados. Só aos 30 minutos o meia Weslley, pegando uma sobra na entrada da área dominou bonito e soltou uma bomba de direita, sem chance para a arqueiro do cangaceiro. Um belo gol coral. Não lembro bem se antes ou após o terceiro gol (creio que antes), a equipe da casa teve um jogador expulso (segundo cartão amarelo) por falta em Weslley (empurrado na lateral direita); com a saída de Arroz para a entrada de Maranhão o meia passou a atuar pela ala direita e se destacou. Chicão entrou mais para ser valorizado, já que perdeu a vaga de titular para Anderson Pedra (para mim o melhor da partida, vigoroso na marcação – Jeovânio não deixou saudade – e de quebra, competente na saída de bola, tendo acertado um chutaço da intermediaria, espalmado pelo goleiro no primeiro tempo). Léo, por sua vez, entrou novamente muito bem: cadenciou o jogo quando a equipe coral vencia o jogo; melhorou a qualidade do passe e, de quebra, marcou um bonito gol ao apagar das luzes.
            No final das contas, após não tomar gols nos dois primeiros jogos o Serra Talhada tomou logo 4 contra o Santa, provando assim de seu próprio veneno (embora os 2 marcados pelo cangaceiro logo no início o tenham deixado com a excelente média de 10 gols marcados em 3 jogos). A cobra coral demonstrou poder de reação, tendo tal característica sido exaltada pelo técnico Zé Teodoro: "Time grande tem que se impor e jogar sempre pra vencer. Hoje soubemos sair bem pelas laterais e quebramos a defesa deles. Renatinho e Eduardo Arroz colocaram a bola no chão e fizera a diferença a nosso favor. Eles foram incisivos e facilitaram a vida dos outros jogadores" (http://www.coralnet.com.br/noticias_ler.asp?id=16692). Em minha opinião, Natan fez um ótimo primeiro tempo, mas sumiu no segundo (um fato curioso foi que a certa altura deu para ouvir alguém dizendo “Natan, sumisse”; acredito que tenha sido um dos membros da comissão técnica que assumiu o comando do time a beira do gramado, após a expulsão de Zé Teodoro); Branquinho fez um bom segundo tempo, com direito a jogadas individuais entrando na área por ambas as pontas e finalizando, embora batendo fraco; Renatinho fez ótimo no jogo inteiro, sobretudo no segundo tempo, mas pecou bastante na finalização, perdendo gols feitos de dentro da área; Wellsey fez um péssimo início de jogo, mas ótima exibição quando o time se achou em campo, tendo desempenhado bem a função de lateral direito no segundo tempo e marcando seu primeiro gol com a bola rolando. Zé Teodoro mexeu bem na equipe, sobretudo com a entrada de Léo, que talvez pudesse ter entrado antes (não jogou sequer um tempo inteiro). Por fim, uma curiosidade:os quatro gols  do Santa foram do lado esquerdo do goleiro.

Alberto Bezerra de Abreu, 29/01/2012, redigido ao som de Hermeto Pascoal, “Montreux jazz ao vivo

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